quarta-feira, 1 de outubro de 2014

RELAÇÕES MODERNAS







  Pessoalmente acho que há muitos egos envolvidos nessas relações modernas. Muita encenação, muito drama desnecessário. Muito medo de ter medo do que não se sabe, e do que se pensa que se sabe, mesmo nunca tendo visto e vivido com suas próprias verdades.
  Há um desespero silencioso que grita alto, e teme chegar nas alturas, mas não mais do que cair na rotina. 

  Há muita falta de consideração pelo sentimento alheio, muito orgulho e egoísmo envolvidos... Muita gente concentrada em conseguir mais e mais amor próprio, e amor pelo próximo, bem, não é exatamente uma prioridade... E pra que serviria afinal? Eu não ganho nada com isso.
  Há uma espécie de amor platônico pelo desejo de ser alguém mais importante. É quase um vício. 

  Dizem que o poder embriaga, mas é porque nunca viram a felicidade na era das Redes Sociais. É tanto amor, exibicionismo e vaidade, que se você saí de uma festa sozinho e sem tirar fotos, fica se perguntando se aquela noite realmente existiu.


   E tem ainda as fantásticas idealizações dessas mentes super seguras, que nunca dançam conforme a música. Elas têm seu ritmo próprio, e sua própria forma de encarar o mundo. Elas sabem cativar tudo aquilo que lhes convém, e observam através das lentes distorcidas dos seus egos, sempre prontas a julgar, sem resquícios de vergonha, e sem nenhuma culpa. Seus critérios são tão lisonjeiros que resultam em relacionamentos verdadeiros e profundos, baseados em honestidade e respeito... até um olhar, sem querer, o whatsapp do outro, enquanto ele estava no banho. Daí o sentimento ganha novos contornos... O rumo dos ventos muda a direção do barco. E logo vem a raiva, o martírio, o desejo de vingança e a natural generalização contra toda a espécie.
  As pessoas temem o altruísmo e a ingenuidade como se fossem seus grandes atestados de fraqueza, e se apegam a comportamentos de indiferença e auto-valorização como se fossem suas qualidades mais louváveis. Não são. Na verdade, são só formas de consolo, e super proteção. Algo pra disfarçar a insegurança e os medos, tirar o foco dos erros anônimos, e focar na incoerência dos outros.


  Mas cá entre nós, hoje em dia, é exatamente o que faz uma pessoa se tornar caricata: ser fabricada nos consultórios e páginas dos livros de auto-ajuda. Padecendo de opiniões formadas e conceitos tolos, de uma forma superficial que só a torna usual, e desinteressante. Uma estranheza familiar que chega, toma conta, e não se identifica. E cria empatia com a loucura, e desafia o risco iminente do limite, e se esconde por trás da roupa e da maquiagem, na pior forma de normalidade que existe, a fachada.
  Ser igual a tudo que você vê por aí, andar cegamente atrás da multidão alienada, só porque ela dança o funk da moda e fica bem de decote. Você acha que eles sabem para onde estão indo, mas cedo ou tarde descobre, que estão mais perdidos que você. E daí fica estagnada, esperando ansiosamente a próxima manada, pra pegar carona e seguir no embalo... Para onde? Só Deus sabe.

  Mas de tanto assistir você quebrar a cara e tentar mudar o muro, ele cansou. Resolveu relaxar, servir seu cálice de vinho e deixar o roteiro seguir por conta própria. O plano era um romance daqueles de tirar o fôlego, mas pelo andar da carruagem, parece que você decidiu se contentar com uma daquelas comédias românticas sem graça... Mas é o que o há para o momento, certo? Fazer o quê? Se dependesse de você, mas não depende... A vida é cheia dessas coisas. Mas pense bem, você reclama que ela seja como uma roda gigante, cheia de altos e baixos, mas poderia ser pior... Imagine se ela fosse como um carrossel!




Um comentário: