quinta-feira, 2 de outubro de 2014

CONSTELAÇÕES SEM NOME











            Você passeia pela vida, elegante e apressada. Sorri com simpatia, e ninguém nota a maquiagem. Ninguém sabe a força que você guarda por trás dessa aparência frágil. Nenhuma forma de alegria é mais sincera que essa vontade de viver que está expressa, no seu jeito, na sua maneira de falar, no seu modo tão peculiar de ser e estar, onde quer que você esteja. Você é real, e forte como as correntezas. Coleciona olhares, minuciosos e indiscretos. Alguns deles te desvendam, outros te adivinham. E há alguns ainda, que apenas consideram você a parte mais bonita do dia. Só por estar ali, representando a sua existência, com a ilustração delicada e gentil de um momento que surge e passa, despercebido, na correria do dia.

         Você é feita de fases, e detalhes que fazem toda a diferença. Muda de cara e de humor como quem muda de roupa. O lado oculto da sua personalidade é o que melhor traduz a sua essência.
         Paciência não é o seu tema preferido. Se controlar é difícil quando se trata dos seus próprios sentimentos. Menos é mais, quando a sua ansiedade desperta o seu lado impulsivo.
Você adora olhar o mar, ficar contando estrelas, no universo insondável de uma praia noturna. Se perde por horas, no espaço oblíquo da imaginação sem limites, onde emoções e pensamentos se confundem, e a solidão é um risco necessário para a sua sensação de independência.
É quando avista o guarda-sol, que a criança perdida em você, se sente segura.

         Há constelações sem nome, no horizonte da tua alma silenciosa. Elas decoram o interior dos teus sonhos, enchem de vida cada estranho cômodo do teu quarto particular de memórias. Você guarda todas as suas dúvidas lá, e não há como entrar. Ninguém tem a chave. Quem um dia teve, já perdeu e te deixou trancada do lado de fora.

         Ninguém sabe a bagunça que rola quando você se apaixona, as emoções à flor da pele, varridas para baixo do tapete. Você jura que as entende e que as têm sob total controle. Até que alguém invade os seus domínios, ultrapassa a sua distância mínima permitida. Justo lá, onde você se considera inatingível. Quem corre esse perigo, também ganha o seu respeito. Como se o risco valesse o prêmio.

         Você cria um lago de jacarés em volta do castelo. Para que os fracos não se aproximem, e os tolos não se sintam encorajados. Mas os príncipes do nosso tempo são todos preguiçosos. Eles não sabem o que querem, e não reconhecem quando encontram. Carecem de honra e imaginação. Eles deitam na cama e querem que você faça tudo. Mal sabem eles que você faria muito melhor, se houvesse mais envolvido.
O que te satisfaz é como tudo começa, e não onde termina. É sobre como encontrar o amor, a possibilidade é o que te excita.
É o prazer de olhar nos olhos, e descobrir o outro lá, de corpo e alma presentes. É ir além dos seus detalhes mais óbvios, quando ousar conhecer seus segredos. Estar verdadeiramente interessado em fazê-la sentir. E percorrer os seus espaços e descobrir os seus tesouros escondidos. É viajar ao encontro dos seus mistérios, sem antes tentar prever o destino.
         Você não quer um conto. Quer uma novela. Não se contenta com pouco, porque isso seria subestimar a si mesma. E você tem seus sonhos, e eles são suficientes pra te fazerem adormecer por noites inteiras.

         O futuro é uma possibilidade em aberto, mas não importa muito, se você já tem planos para essa noite. Agora o momento é de descanso e desconsolo. Mas o melhor ainda está por vir, esse é o pensamento dominante.
         Maturidade é você se permitir estar fraca, sem precisar dar muitas explicações. É se saber corajosa mesmo quando a vontade te abandona, e entender, que cada coisa a seu tempo, tudo vem na melhor hora, e da melhor forma possível.



Nenhum comentário:

Postar um comentário