quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

SEXO É ATREVIMENTO





     Sexo é atrevimento. Mas não é jogo, é verdade. Você se envolve, entra no clima. Não há como ser diferente. Não existe sexo impessoal, só sexo sem comprometimento.
    Sexo é uma busca solidária por consolo e realização interior. É uma chance de alcançar a parte mais vulnerável do outro. É adentrar a intimidade e penetrar em lugares remotos, desabitados, revoltos e impossíveis de serem revelados nos primeiros encontros.
    Sexo é segredo. Dos mais bem guardados. É um mergulho profundo nas coisas não ditas, no sentido real que permeia o abstrato. Sexo é indiscrição e aventura.  É viagem de férias em uma rotina de tarefas obrigatórias. É solidão compartilhada entre as almas, cúmplices, e parceiras de afeto e programas agradáveis para se fazerem em dias de chuva.

     Sexo é encontro, embora também seja distância. É a memória dando sinais de que a presença ainda desperta alguma coisa. É o balanço das certezas, é o tremor das pernas. É o beijo roubado no momento distraído, é insinuação urgente de uma espera que incomoda.
      E sexo é momento, são promessas improváveis que se valem de uma ingenuidade conveniente. É mentira que cola porque o corpo exige. É verdade que liberta como uma força ou um gemido. Algo que não pode ser explicado, tem que ser vivido. O tempero do sexo sempre queima a língua.


     Sexo é liberdade, selada pelo compasso insaciável do desejo. É intenção não declarada, que com o tempo fica evidente. É sinal de intimidade, mesmo que seja vulgar ou promíscuo. Sexo é uma história romântica que pode, ou não, ser contada, mas que independe disso. Vale o ingresso, o show e a espera na fila. E só causa arrependimento quando não é feito com prazer.
    Sexo é mensagem subliminar. É o tesão nas entrelinhas, é a mudança de posturas e posições, é pensar com os sentidos, e sentir com os olhos. Sexo é o toque. Mais do que o contato, é o calor. É o auge da vontade quando o fogo já se espalhou. E a única forma de apagá-lo é deixar arder até queimar.

     E sexo arde, angustia e acalma. Como um embalo afinado que provoca o orgasmo num vaivém incessante, no apagar das luzes onde tudo é respiração, cheiro e carícias, o sexo invade, espaços difusos e vazios existenciais. Gera conflitos e traz soluções. É um tratado de paz assinado por dois países em guerra, a Consciência e o Desejo.
    E sexo é arte. Contemporânea e antiga. É a libido inspirando a descoberta, entre quatro paredes, repercutindo o prazer na expressão dos detalhes. Todo o sexo é minucioso. E fica mais gostoso à medida que se torna constante e com a mesma pessoa. É uma generosidade egoísta. Uma forma de entrega recíproca.

     Sexo é declaração improvisada ao pé do ouvido, é calor insuportável subindo pela nuca, é arrepio suave que corre pela espinha dorsal e penetra na pele em forma de energia. É partida e chegada. Consideração e irrelevância. É o querer ficar, mesmo tendo que ir embora. Permanecer mais um pouco, quando o abraço já não é tão longo, as unhas já deixaram marcas, e o prazer já arrefeceu.

    Sexo por si só, é bom. Como lazer ou esporte, é ótimo. Mas nunca dura muito tempo. Porque já nasce limitado pelo seu próprio conceito, de que não pode ser assim complicado, a ponto de existir saudade, e nem deve ser tão forte, que envolva emoções.
   Sexo com amor é a verdadeira intimidade. E a intimidade torna o prazer do sexo muito mais profundo, demorado e intenso.





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